De vez em quando, alguém me pergunta sobre adotar ou não o BIM em seu escritório de arquitetura. Invariavelmente a minha resposta é “se você pretende continuar no mercado, fazendo arquitetura, sim, você deve começar ontem”. Depois disso vem um conjunto de comentários sobre os diversos softwares, modo de pensar, oportunidades de mercado entre vários outros pontos.
O BIM não é o futuro, já é o presente, mas os arquitetos ainda têm um tempinho para se adequar (mas não muito tempo). A grande questão é que quando saímos da prancheta para os softwares CAD (AutoCAD como o mais divulgado) mudamos apenas a lapiseira e a caneta nanquim pelo mouse e a prancheta pelo computador, mas o modo de pensar o projeto era exatamente o mesmo. Em BIM, muda o modo de pensar, produzir e contratar o projeto de arquitetura.
Recentemente participamos de uma concorrência em que nitidamente o cliente não sabia o que estava contratando, os entregáveis correspondiam a um projeto produzido de forma convencional, mas em algum lugar das quase 70 páginas do edital havia um parágrafo dizendo que era exigido que o projeto fosse elaborado em BIM. Isso ainda acontece profusamente.
Implantar o BIM THINKING (acabei de criar o termo … ou o modo de pensar do BIM) não passa apenas por ter computadores melhores ou fazer um curso para utilizar um determinado software, é muito mais que isso! É cultura! Forma de pensar! Uma gestão de mudança grande para as organizações.
Em plena pandemia, foi publicado o decreto 10.306, de 02 de abril de 2020, que “estabelece a utilização do Building Information Modelling – BIM oi Modelagem da Informação na Construção na execução direta ou indireta de obras e serviços de engenharia, realizada pelos órgãos e pelas entidades da administração pública federal, no âmbito da Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modelling – Estratégia BIM BR, instituída pelo Decreto 9983, de 22 de agosto de 2019”. O decreto segue explicando que esta implantação será dada de forma gradual e detalha um pouco as etapas. A primeira etapa entrou em vigor no início de 2021 e a última está prevista para 2028.
Mesmo que o arquiteto ainda não preste serviço para os órgãos definidos no decreto, isso sinaliza uma mudança na percepção do mercado e, em algum tempo, teremos uma exigência dos clientes privados para esta adequação, o que já está começando a ocorrer. Quem acompanhou a entrada dos softwares de desenho (CAD) no mercado viveu exatamente isso. Muitos escritórios trocaram duas réguas paralelas e esquadros por computadores por exigência de clientes.
Mas e mundo, como está em relação ao BIM? (*)
A Europa está em estágio bastante avançado, liderados pelo Reino Unido e pelos países escandinavos. Na Espanha, embora considerada atrasada na implementação, é obrigatório o uso de BIM desde 2018 em projetos públicos acima de 2 milhões de euros.
Na América do Sul a vanguarda está na Colômbia, Peru e Chile, mas países como a Venezuela, Equador e Costa Rica têm tido mais dificuldade.
Não é surpresa para nós que Austrália, EUA e Canadá são considerados exemplos de sucesso.
No Brasil, destacamos o caso de Salvador (**) que tem tido destaque por estar se preparando para o licenciamento de obras ser 100% digital e utilizando a plataforma BIM.
(*) MIRÓ, Jaime M. Em quais países o BIM é obrigatório para projetos públicos? Disponível em https://www.archdaily.com.br/br/956517/em-quais-paises-o-bim-e-obrigatorio-para-projetos-publicos acesso em 15/02/2021
(**) ver mais detalhes em https://cbic.org.br/salvador-licenciara-obras-de-obras-de-projetos-desenvolvidos-em-bim/ e https://www.youtube.com/watch?v=j0FCbrjXP4U ambos com acesso em 15/02/2021 #bim #arquitetoempreendedor #modelotip #tipprojetos #arquitetura